Na falta de lei complementar para
regulamentar a imunidade de contribuições ao sistema previdenciário, cabe às
“entidades beneficentes de assistência social” mostrar que estão no grupo dos
imunes. Para isso, devem provar que se enquadram nas condições do artigo 14 do
Código Tributário Nacional. Foi o que decidiu, por unanimidade, a 8ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região.
A turma seguiu o voto do relator convocado, o juiz Bruno Apolinário.
Embora a análise da questão tenha sido constitucional, o magistrado aplicou a
jurisprudência do Supremo ao caso. Segundo ele, o tribunal considera que o
parágrafo 7º do artigo 195 da Constituição Federal, “não obstante a
literalidade do dispositivo”, trata de imunidade, e não isenção fiscal.
Só que o texto faz menção aos
“termos da lei” para definir de que forma essa imunidade seria concedida. E em
outro recurso, julgado em fevereiro deste ano, o Supremo definiu que essa lei
deve ser complementar, também por causa do texto constitucional: o artigo 146,
inciso II, da Constituição diz que lei complementar deve “regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar”.
Mas nunca foi editada essa
lei, segundo o TRF-1. Por isso, cabe às entidades beneficentes mostrar que se
enquadram nos três incisos do artigo 14 do CTN: não distribuir patrimônio ou
renda; aplicar todos os seus recursos à manutenção de seus objetivos; e manter
registros e escrituração de suas receitas e despesas.
No caso decidido pela 8ª Turma, o Instituto Elo conseguiu
comprovar sua conformidade com os quesitos do CTN nos últimos cinco anos para
conseguir imunidade de PIS e Cofins. O instituto é representado pelos
advogados Renata Lima e Guilherme Reis,
do Nelson Wilians e Advogados Associados.
O caso chegou ao TRF-1
porque, depois de o Instituto Elo conseguir vitória em primeira instância, a
Fazenda recorreu. De acordo com a Procuradoria da Fazenda Nacional, o artigo 14
do CTN se refere a impostos, e não às contribuições sociais à Previdência, caso
do PIS e da Cofins.
É que o artigo 14 faz
referência ao inciso IV do artigo 9º do Código. O dispositivo descreve as
situações em que o Estado não pode cobrar impostos. Mas, segundo o TRF-1, o
Instituto Elo conseguiu comprovar seu direito à imunidade tributária do
parágrafo 7º do artigo 195 da Constituição.
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Clique aqui para ler o voto vencedor.
Apelação 0043255-64.2015.4.01.3800
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Apelação 0043255-64.2015.4.01.3800
Fonte:
https://www.conjur.com.br/2017-nov-14/falta-lei-entidade-beneficente-provar-direito-imunidade